Eletricista Predial em Belo Horizonte: Guia para uma Contratação Segura

04/07/2025

 

O Fio da Navalha: Em Belo Horizonte, o bom eletricista virou artigo de luxo – e o risco da gambiarra bate à porta

O cheiro de plástico queimado no apartamento de Dona Célia, no bairro Funcionários, não veio de uma panela esquecida no fogo. Veio de dentro da parede. Um zumbido baixo, um piscar de luzes e, de repente, o silêncio absoluto de um disjuntor que cumpriu, tardiamente, sua função. O susto foi grande. A busca por um profissional para resolver o problema, no entanto, se revelou uma dor de cabeça ainda maior.

A história de Célia é um retrato em baixa voltagem de um problema que percorre a fiação de Belo Horizonte: encontrar um eletricista predial qualificado, confiável e com preço justo virou uma espécie de loteria.

 

O mercado paralelo da faísca

 

Vamos direto ao ponto: o que não falta é gente com uma chave de teste no bolso e um anúncio no poste. O “faz-tudo”, o “marido de aluguel”, o sobrinho que “mexe com isso”. Eles são muitos e, quase sempre, são a opção mais barata. E é aí que o perigo mora. A infraestrutura elétrica dos imóveis, especialmente os mais antigos da capital mineira, não foi projetada para a carga que exigimos hoje. Ar-condicionado, chuveiro de alta potência, micro-ondas, air fryer, computadores ligados o dia todo. É uma demanda brutal.

“Olha, o que a gente mais pega é serviço mal feito. Gambiarra mesmo”, desabafa Márcio Rezende, 42 anos, eletricista há quase duas décadas, enquanto aperta com força uma conexão em um quadro de luz no bairro Buritis. O suor escorre em seu rosto. “Fio fino demais pra chuveiro, emenda só com fita isolante, disjuntor que não tem nada a ver com a corrente do circuito… o pessoal acha que é só juntar um fio no outro. Depois, não entende por que a conta vem um absurdo ou, pior, por que pega fogo.”

A fala de Márcio não é alarmismo. É rotina. O barato, no universo dos elétrons, quase sempre sai caro. A economia de duzentos ou trezentos reais na contratação de um curioso pode custar o patrimônio de uma vida. A conta, no fim, pode ser impagável.

 

Não é mais só trocar tomada: a nova realidade elétrica

 

O buraco é ainda mais embaixo. A profissão mudou. O eletricista que apenas trocava uma lâmpada ou instalava um ventilador de teto está virando peça de museu. A automação residencial, que deixou de ser coisa de filme de ficção científica, agora pede que o profissional entenda de redes, de configuração de dispositivos inteligentes e de integração de sistemas. A popularização da energia solar fotovoltaica criou um novo e complexo campo de trabalho.

“Hoje, o profissional precisa ter a certificação da NR-10, que é a norma de segurança, como ponto de partida. Mas isso é o básico do básico”, explica Ricardo Almeida, engenheiro elétrico e instrutor em um curso técnico na cidade. “Ele precisa entender de dimensionamento de carga, de fator de potência, de sistemas de aterramento eficazes. Não é intuitivo. É matemática, é física aplicada. Um erro de cálculo pode causar um dano em cascata em todos os aparelhos eletrônicos de uma casa.”

Essa qualificação, obviamente, tem um preço. Cursos custam dinheiro. Ferramentas de qualidade, como um multímetro confiável ou um alicate amperímetro, não são baratas. O tempo investido em estudo precisa ser remunerado.

E quem paga a conta? O cliente, claro.

Ao colocar na ponta do lápis, o consumidor se vê num dilema. Pagar R$ 800 para um profissional que apresenta credenciais, que faz um diagnóstico completo e oferece garantia, ou arriscar R$ 300 com aquele que promete resolver “rapidinho”? Na correria do dia a dia e com o orçamento apertado, a tentação de escolher o segundo caminho é enorme.

É uma aposta. Uma roleta-russa com a fiação de casa.

Então, como se proteger? A desconfiança, aqui, é sua melhor ferramenta. Desconfie do orçamento baixo demais. Ninguém faz milagre. Peça referências, e não hesite em ligar para antigos clientes. Um bom profissional tem orgulho do seu trabalho e terá prazer em mostrá-lo. Observe se ele faz perguntas, se ele se interessa em entender o sistema elétrico da sua casa como um todo, em vez de apenas focar no problema pontual.

O eletricista que chega, olha e já vai quebrando a parede sem medir nada é um sinal de alerta tão grande quanto uma faísca saindo da tomada.

A verdade nua e crua é que a segurança elétrica de um imóvel é um investimento invisível. Ninguém mostra o quadro de disjuntores para as visitas. Mas é essa estrutura, escondida nas paredes, que garante que tudo mais funcione. Que a luz se acenda, que a geladeira conserve os alimentos, que o computador não queime.

A escolha, no fim das contas, não é entre o caro e o barato.

É entre um profissional e uma aposta. E com eletricidade, acredite, você não quer apostar.

08/04/2025 | Sem categoria Cidades Atendidas
08/04/2025 | Sem categoria Quem Somos
08/04/2025 | Sem categoria Depoimentos
eletrecistas eletrecistas eletrecistas EM BH